IGREJA CATÓLICA
Vaticano adota medidas para punir padres que violem regras
Envolvimento de padres em escândalos de pedofilia e crescimento do Islã põem em risco futuro da instituição na Europa
No mês de julho, a Igreja Católica apresentou suas novas medidas para lidar com membros que violem suas regras, mas a nova política não foi suficiente para satisfazer as exigências dos fiéis ao redor do mundo. O “estatuto de limitações” para os padres envolvidos em abusos sexuais de crianças foi aumentado em dez anos; agora - de acordo com as leis da Igreja - pessoas até os 38 anos podem apresentar queixas contra padres, por abusos sofridos durante a infância. Também foi introduzido um processo mais rápido de excomunhão, que oferece aos acusados poucas chances de defesa. Além disso, “tentativas de ordenar uma mulher” passaram a ser consideradas ofensas graves.
As medidas se distanciam do comportamento adotado recentemente nos países europeus. Na Irlanda, um relatório divulgado em novembro, que mostrava acordos secretos que revelaram a conivência policial com os abusos cometidos por padres enfureceu os cidadãos, e abalaram seriamente o status da Igreja no país. Em junho, autoridades belgas concluíram uma investigação de abuso sexual envolvendo membros da Igreja confiscando arquivos e detendo os bispos nacionais por várias horas. Na Alemanha, ligações entre autoridades políticas e religiosas foram abaladas por notícias de abuso em escolas e monastérios católicos.
Na Itália, a instituição ainda goza de certa imunidade por razões culturais, mas se aproxima o dia em que os italianos insistirão que sua religião responda às leis do mundo. Esse princípio é especialmente importante num momento em que democracias ocidentais procuram acomodar grupos que desejam regular suas famílias segundo as leis do Islã ou outras religiões.
Existem razões psicológicas e sociológicas que explicam a dificuldade do Vaticano em aceitar essa nova realidade. Na maior parte da Europa, o clero está envelhecendo e diminuindo de tamanho. Para uma instituição em declínio, a tentação de se apegar às velhas tradições é muito forte. Mas isso dificulta a conquista de novos fiéis. Antigos membros, como o arcebispo Rino Fisichella e o cardeal Christoph Schönborn, de Viena, que recentemente receberam a missão de “re-evangelizar” o continente sinalizaram que compreendem a necessidade de mudanças na Igreja, mas esbarraram numa muralha de oposição interna. Do Opinião e Noticias
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